CHAMUSCA
CORAÇÃO DO RIBATEJO
O concelho da Chamusca, dividido entre a lezíria e o montado e banhado pelas águas do rio Tejo está repleto de encantos e tradições, que ao longo de séculos têm sido mantidas e moldadas pelas gentes desta orgulhosa terra.
O seu rico território e a diversidade de paisagens e ambientes nele existente contribuiriam para forjar uma forte identidade e modo de viver.
A riqueza cultural desta terra está bem representada através da sua gastronomia rica e variada, nas suas tradições que têm o seu auge nas Festas da Ascensão que têm lugar em Maio.
Convidamo-lo a nas próximas páginas a conhecer melhor a Chamusca e o seu concelho...
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TERRITÓRIO
Desde 2002 que o Município da Chamusca pertence à região estatística (NUTS II) do Alentejo e na sub-região estatística (NUTS III) da Lezíria do Tejo, porém a sua alma é totalmente Ribatejana. Localizado no já extinto distrito de Santarém, o Município da Chamusca ocupa cerca de 746 quilómetros quadrados de território na margem esquerda do Rio Tejo, divididos entre lezíria e floresta , fazendo fronteira com os concelhos de Vila Nova da Barquinha e de Constância, a sul com o de Coruche, a este com os de Constância, Abrantes e Montargil e a oeste com os de Almeirim, Golegã e Alpiarça. Chamusca está inserida na bacia sedimentar do Tejo, formada na Era Terciária, que foi preenchida por aluviões e areias do quaternário.
A sede do município é a vila da Chamusca, sendo o concelho composto pelas freguesias de Chamusca, Pinheiro Grande, Vale de Cavalos, Ulme, Semideiro, Parreira, Carregueira e Arripiado.
A HISTÓRIA
Numa primeira fase a abundância de fontes de alimento e de água, posteriormente a fertilidade dos solos terão sido fatores fundamentais que levaram os primeiros habitantes do território hoje ocupado pelo concelho da Chamusca a permanecerem na região. Foram localizados vestígios de períodos que distam desde o Paleolítico , e em alguns locais julga-se terem existido alguns aglomerados populacionais da idade do ferro e da idade do bronze, no entanto são muito escassos os elementos que perduraram.
Do período Romano também foram encontrados vestígios em vários pontos do concelho, essencialmente relacionados com a atividade agrícola e junto de zonas onde terão existido as estradas romanas que cruzavam estas terras. Existem alguns elementos do período da ocupação Romana no Concelho de Chamusca, como a villa do Arripiado, o único local dessa natureza, até à data, encontrado em todo o concelho. Como o próprio nome indica, a villa localiza-se na aldeia do Arripiado, na zona norte do concelho. Foi identificado como sendo uma Villa devido á descoberta nos anos 20 do seculo passado de um mosaico romano com 3 por 5 metros de dimensão, e junto dele forma identificadas estruturas que teriam sido as paredes do edifico.
Também em Vale de Cavalos, inúmeros achados arqueológicos, comprovam que no mesmo local onde hoje está a aldeia existiu também uma povoação Lusitano-Romana há uns dois mil anos atrás. Chamava-se Trava e é, até ao momento, o mais antigo aglomerado populacional conhecido em toda a vasta área do atual concelho da Chamusca.
Para alem destes locais existem mais alguns sob os quais recaem a suspeita de terem tido ocupação Romana, porem a possível natureza das construções, dispersas e ligadas á agricultura, os materiais utilizados e até a vocação dos terrenos, alvo de intensas praticas agrícolas ao longo dos seculos, terão no seu conjunto contribuído para o desaparecimento de muito do que seria o possível património deste período.
É certo que os Muçulmanos também ocuparam esta região, mas tal como do período Romano, eventuais terão sofrido a erosão dos séculos, o que associado á tradição muçulmana, que registava sobretudo os dados sobre os principais povoados lançam a história de todo este território durante esse período para o desconhecimento, dada a ausência de grandes urbes em toda a região. Esta zona fazia parte dos domínios de Santarin, e era reconhecida como das mais férteis regiões de todo o Garb al-Andalus. No freguesia de Ulme, nos anos 70 do secXX foram identificados dois locais possivelmente ligados ao período Muçulmano, o sítio da Quinta da Mesquita e o Casal do Enxofre.
O "nevoeiro dos tempos" começa a dissipar-se a partir de 1147, quando ocorreu a reconquista cristã da linha do Tejo, com a tomada de Lisboa e Santarém .
Após a conquista de Santarém, a cidade terá sido doada á Ordem do Templo, que levou a cabo diversas ações para estabilizar toda a região circundante. Em 1150 foram lhe doadas as localidades de Abrantes e Alpiarça, e também o Ulme (hoje parte do concelho da Chamusca), com o objetivo de construírem um castelo, elemento essencial para a defesa e proteção destas terras.
Em 1449, sob regência de D. Afonso V, as terras de Chamusca e Ulme são doadas a D. Ruy Gomes da Silva, que aqui fixou residência. A Chamusca estava integrada no termo de Santarém, foi elevada a vila e sede de concelho, juntamente com Ulme, em 1561, na regência de D. Catarina.
A partir de 1643, após o reinado dos Filipes, passou a integrar o património da Casa das Rainhas, tendo-se mantido nesta situação até à época liberal (1833). Por aqui passaram algumas das mais importantes figuras da história de Portugal, nomeadamente as hostes de D. Afonso Henriques, D. Sancho I e o Rei D. Manuel, entre outros. Dos grandes feitos do povo chamusquense, destaque-se a sua atitude no tempo das "Invasões Francesas" quando, para defender a sua terra, os pescadores queimaram muitos dos seus barcos (cerca de 75 embarcações) para evitar a passagem da tropas Francesas que estavam aquarteladas na outra margem do rio.
A 31 de Agosto de 1875 a Chamusca perde a sua autonomia comarcã e foi transferida a sua sede para a Golegã. Já em 1879, estando no poder o partido progressista do qual fazia parte o Dr. João Joaquim Isidro dos Reis, intercedeu junto do governo, para que fosse criada a comarca da Chamusca, ou lhe fizessem a Ponte sobre o Tejo, alegando que a sua situação política seria insustentável, se não lhe dessem um destes melhoramentos.
Dos vários períodos da historia de Portugal foram ficando construções na Vila da Chamusca, como por exemplo várias igrejas - Igrejas Matriz de São Brás (século XVI, a mais antiga da Chamusca) e da Misericórdia (século XVII), as Igrejas de São Francisco e de São Pedro (século XVII), as Ermidas de Nossa Senhora do Pranto (século XVIII) e a do Senhor do Bonfim.
A Chamusca, preserva ainda alguns edifícios e pormenores apreciáveis e um traçado urbano aliciante que merece uma visita a pé. As vistas sobre a lezíria que se alcançam das suas belas colinas, são das mais vastas e deslumbrantes de Portugal. Foram famosos os seus vinhos produzidos nas terras da Rainha e muito apreciados na Corte. Quando o Marquês de Pombal mandou arrancar as Vinhas do Ribatejo, as da Chamusca foram por isso poupadas. A Chamusca teve barcas de passagem em diversos portos ao longo do rio Tejo, dos quais ainda subsiste a que liga o Arripiado a Tancos.
A história da vila está desde sempre ligada ao Rio Tejo quer como via de comunicação, quer como meio de subsistência das gentes destas terras, prolongando-se esta ligação deste os períodos pré-romanos, até quase aos dias de hoje acompanhando os seus ciclos de cheias e de caudais mais dóceis.
Também muito importante na vida e história da Chamusca é a sua forte ligação á terra, ao mundo agrícola, mas também á cultura tauromáquica, aos touros e aos cavalos, e desde há muitos anos que existem pelo concelho varias propriedades onde se criam cavalos e touros.
Fontes: Municipio da Chamusca, Junta de Freguesia de Vale de Cavalos, Carta Arqueologica da Chamusca, Wikipedia, Outros.
PATRIMÓNIO NATURAL
O concelho da Chamusca "vive" repartido entre dois mundos, a Lezíria do Rio Tejo, e a Charneca - uma vasta área florestal, coberta de montados e eucaliptais.
À beira Tejo encontramos a fértil lezíria, por onde varias culturas e povos passaram e sempre valorizaram a sua rara fertilidade. O Rio, elemento criador de toda a esta paisagem foi uma importante via de comunicação durante muitos séculos, tal com foi fonte de sustento.
No rio uma grande variedade de peixes pelas quais o Tejo é sobejamente conhecido, incluindo a fataça, a enguia ou a lampreia, porém nos últimos anos espécies invasoras como o Achigã, o Lucioperca ganharam espaço e estão a reduzir o numero de indivíduos das espécies nativas, porem de todos nenhum parece ser tão voraz como o Siluro (Peixe Gato), atingindo dimensões que nenhum peixe nativo do Tejo atinge, tendo sido já capturados peixes com 60 quilos. Varias espécies de aves habitam esta vasta região incluindo cegonhas, garças, garças boeiras, papa ratos, diversas aves de rapina, e muitas outras de menor porte como os melros e os estorninhos.
O Tejo tem ainda uma utilização ludica, podendo ser realizadas várias atividades á beira rio, sobretudo no periodo estival.
A Ribeira do Ulme como que faz a transição da lezíria do tejo para o interior da charneca. Sendo alvo da cultura do Arroz, cuja particularidade de ser produzido em campos alagados, todo este vale atrai bastantes aves aquáticas, como as habitam junto do Tejo e ainda algumas espécies de patos, galinhas de água e galeirões. Neste vale, como em toda a região a introdução do Lagostim do Louisiana, uma espécie invasora e particularmente profícua na sua reprodução, veio alterar um pouco o panorama dos "residentes" que passaram a ter uma fonte de alimentação abundante e permanente, o que terá ajudado na recuperação de algumas espécies como as lontras e as cegonhas. Hoje em dia este crustáceo de agua doce é também capturado para alimentação humana, mas o resultado das capturas é quase todo para a exportação.
A Charneca é o outro grande ambiente natural do concelho. O Sobreiro, o seu elemento principal, fonte de inesgotável riqueza, dá origem a uma infinidade de produtos, desde a madeira através da qual se faz o carvão tradicionalmente em fornos de terra espalhados pela charneca, bolota que alimentava varas de porcos e, claro, o produto mais nobre, e pleo qual é mais conhecido - A cortiça. A cortiça é algo quase milagroso, uma dádiva da natureza eu que os humanos têm sabido aproveitar ao longo de séculos, e que cada vez mais se assume como um importante produto para um futuro que se quer sustentável e amigo do ambiente, pese as inúmeras ameaças que assolam os montados, não só do concelho da Chamusca, mas como de restante país.
A charneca é uma das mais valiosas expressões do floresta mediterrânica, um dos mais ricos ecossistemas do mundo. Foram já identificados nos montados mais de 120 espécies de animais, algumas com estatuto vulnerável ou ameaçadas de extinção como a Águia de Bonelli, a Águia-imperial ou a Cegonha-preta. Também o Lince-ibérico ocorreu nos sobreirais e montados portugueses, e se existir no futuro a recuperação da sua população, poderá voltar a ocorrer em Portugal, dada a disponibilidade de habitat existente. Também a flora dos Montados é muito importante, composta por muitas ervas aromáticas, como a lavanda, o tomilho, o rosmaninho ou o alecrim e ainda diversas espécies de cogumelos, que estabelecem uma interessante relação simbiótica com os sobreiros, incluindo as curiosas "tubras", uma espécie de fungo subterrâneo semelhante ás turfas.
OBSERVATÓRIO DA PAISAGEM DA CHARNECA - CHOUTO
Coordenadas GPS:39.264761, -8.304904
O Observatório da Charneca resulta da reabilitação de um antigo palheiro e armazém agrícola, adaptado para um espaço de realização de encontros, reuniões e eventos. Promovidas pela Empresa Casal do Gavião do Meio, desenvolvem-se atividades de animação turística onde pode participar em atividades rurais, como a apanha da azeitona, tosquia
das ovelhas e assistir à extração da cortiça e também realizar percursos na Charneca e no montado.
ESTAÇÃO DA BIODIVERSIDADE DA RIBEIRA DA FOZ - CARREGUEIRA
Coordenadas GPS: 39.458555, -8.343269
Um autêntico oásis de conservação da natureza, aqui poderá sentir o poder do ar puro e contemplar a fauna e flora. A Estação da Biodiversidade (EBIO) da Ribeira da Foz integra um percurso de quase 2 km, com 9 painéis de informação acerca da biodiversidade, com especial destaque para os insetos e plantas.
A sua vegetação exuberante e o constante som da água a correr não deixam ninguém indiferente. A guardar este segredo estão os carvalhos, sobreiros e azinheiras e, das várias espécies que poderá encontrar, o gavião tem destaque, uma vez que é umas das aves de rapina a nidificar na área.
Podemos encontrar ainda um dos poucos bosques ripícolas da região ainda bastante bem conservado, onde a biodiversidade destes meios húmidos têm o seu habitat.
ECONOMIA
Tendo em conta as condições do território do concelho da Chamusca, não será de estranhar que o setor primário, essencialmente a agricultura e a exploração florestal assumam particular relevância no tecido económico. Por um lado a fértil lezíria, essencialmente destinada ás cultura de regadio como o tomate, milho, o melão e o arroz, mas também outras como como o olival, a vinha, os pomares de pêssegos e citrinos e ainda alguns cereais. Já na zona de charneca a exploração da floresta domina, sobretudo montados de sobreiros , eucaliptais e pinhais. São ainda criadas varias espécies de gado, mas simbolicamente são os touros e os cavalos que são a imagem de marca de toda a região, se bem que outras espécies menores também sejam criadas com é o caso das ovelhas.
Do setor secundário destacam-se as indústrias de construção e obras públicas, algumas unidades de metalurgia e metalomecânica, de calçado, de vestuário e de têxteis, de alimentação e de bebidas, de madeira e de cortiça.
O setor terciário está essencialmente ligado à administração pública e também aos serviços prestados por privados, com o comercio de liderar. Outras atividades como o turismo vêm a ganhar algum relevo, aproveitando os ricos e variados recursos do concelho.
O concelho da Chamusca e toda a região anseiam á muitos anos por uma nova travessia do Rio Tejo, que ligue em direção ao concelho da Golegã é á parte norte do distrito, uma obra de particular relevo e que poderá mudar o paradigma socio-económico de uma vasta área e não só do concelho da Chamusca, pois a centenária ponte que liga as duas margens já não responde ás exigências do sec. XXI
GASTRONOMIA
A proximidade com o rio e a fertil leziria influenciaram bastante a gastronomia de toda a região, e logicamente do concelho da Chamusca. Os pratos confecionados com peixes do rio como o açorda de sável, as enguias fritas, o ensopado de enguias, frigideira do mar, e a fataça frita. são apenas alguns. Nas sopas o peixe também marca presença na sopa de peixe, á qual se junta também a sopa de couve com feijão e a sopa de feijão com carne. O muito tradiconal bacalhau também marca presença, que pode ser saboreado assado com couve a soco.
A doçaria, de origem conventual, é também bastante expressiva no concelho, sendo produzidos entre outros as trouxas de ovos, peixe doce, queijinhos de amêndoa, lampreia de ovos, bichanas, corações-de-noiva, ferraduras, chamuscos, arroz-doce, velhoses, broas, toucinho do céu
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Ao longo do ano o concelho da Chamusca acolhe vários eventos gastronomicos
FESTIVAL DO COGUMELO DA PARREIRA
Março
O Festival do Cogumelo da Parreira é uma iniciativa gastronómica promove este produto endógeno da nossa charneca ribatejana, ao mesmo tempo que dá palco aos sabores e saberes locais desta freguesia. A Parreira tem vários produtores agrícolas e apanhadores de cogumelos silvestres e esta foi e é ainda uma importante atividade económica para muitas famílias. O festival nasceu da iniciativa conjunta entre o Município da Chamusca e a União de Freguesias de Parreira e Chouto e conta anualmente com a presença de reconhecidos chefs de cozinha nacionais, espetáculos musicais e etnográficos, provas gastronómicas, restauração, bares, artesanato, mostra de produtos e passeios temáticos e científicos.
Org:. Município da Chamusca e União de Freguesias de Parreira e Chouto
FESTIVAL “JÁ TE DOU O ARROZ” - ULME
Setembro
A freguesia de Ulme, no concelho da Chamusca, acolhe o evento “Já te Dou o Arroz”, um certame dedicado a promover o arroz, um produto endógeno e tradicional da freguesia, um território da charneca ribatejana onde existem vastas extensões de arrozais e onde o arroz é uma fonte de riqueza para muitas famílias.
Este evento é uma organização do Município da Chamusca e da Junta de Freguesia de Ulme e realizou-se pela primeira vez, entre os dias 20 a 22 de setembro. Trata-se de mais um evento de dinamização do território, associando a promoção de um produto local a momentos de convívio e de animação, à semelhança dos grandes eventos que já caraterizam o concelho da Chamusca.
O evento integra a confeção e apresentação de pratos e doçaria de arroz, além de atividades paralelas como sessões de showcooking, música, animação infantil, desporto, jogos tradicionais, Trilho dos Arrozais da Freguesia de Ulme, bênção dos arrozais, música, pintura ao vivo, bares e expositores. O evento realiza-se no recinto de festas de Ulme.
Org: Município da Chamusca e Junta de Freguesia de Ulme
FESTIVAIS DE SOPAS
- PROVA DE SOPAS – Carregueira – Último fim-de-semana de março
- SOPAS NA ALDEIA - Pinheiro Grande – Maio e Outubro
- PROVA DE SOPAS REGIONAIS – Chamusca – 2º fim-de-semana de julho
- FESTIVAL DE SOPAS DA PARREIRA – novembro
OUTROS
- FESTIVAL DO FRANGO - Vale de Cavalos - 2.º fim-de-semana de julho
- FESTA DA SARDINHA - Parreira - Julho
- SARDINHADA - Semideiro - Julho
VINHOS
Desde sempre que o vinho faz parte da cultura da região, tendo particular importância na Chamusca, terra de vinhas que originaram vinhos de particular qualidade e que impressionaram até os mais exigentes paladares da Corte. A relevânica do vinho e da vinha era tal que o brasão do Município ostenta quatro cachos de uva na bordadura do escudo. O mesmo elemento está presente no brasão da freguesia da Chamusca.
O concelho da Chamusca pertenceu em tempos aos bens da ‘Casa das Rainhas’ e, quando o Marquês de Pombal em 1765 mandou arrancar as Vinhas do Ribatejo, as da Chamusca foram poupadas devido á qualidade dos vinhos aqui produzidos.
A vitivinicultura teve sempre um lado festivo e celebrativo que encontra expressão na poesia e nos temas etnográficos dos ranchos do concelho.
Os vinhos do concelho sempre foram o acompanhamento perfeito para os pratos da gastronomia local, confecionados á base de carne ou peixe.
TAUROMAQUIA
No coração do Ribatejo, é tradição e costume a Festa Brava...
Não se imagina o Ribatejo sem toiros e sem toureiros e sem touradas portanto. Festa da terra e do mundo rural, faz parte da alma que temos, da nossa relação ancestral com o campo e com o gado, do nosso jeito de fazer da vida uma festa e do risco um modo de a engrandecer.
Por essa lezíria além e pelas herdades da charneca há toiros e há cavalos que partilham connosco o espaço em que nos movemos, a terra a que nos afeiçoamos, a vida que nos interliga. Gerações e gerações, vários Séculos já contados, fomos formando este ser, no trabalho com o gado, no risco das tralhoadas, na alegria das ferras, na exigência das tentas, na emoção das largadas, no colorido das entradas, no entusiasmo das corridas, quando, o sol aquece as tardes e desafiamos o destino no redondo de uma Arena Chamusquense. É um estar que não se explica, sente-se e isso nos basta, nem tudo pode ser dito, a alma não se representa e vive dentro de nós.
De muita fé se faz a Festa. De muitos rituais, gestos, objectos, que são assim porque sim, a fé, como a alma, vive-se, Não tem de ser explicada. Mas no lio de um toureiro, a par do traje de luces, nunca há-de deixar de ir as imagens da sua devoção, a Virgem Macarena, o Sagrado Coração, Nossa Senhora de Fátima, o Senhor da Misericórdia, são elas que dão conforto e inspiram segurança porque o risco existe e um homem tem um coração a bater e emoções, incertezas, momentos em que um simples milímetro, ou nem tanto, separa a morte da vida.
Na sua frente está o toiro, o mais nobre dos animais. Não é inimigo o toiro, não lhe quer mal o toureiro, é por tanto gostar dele e de sentir as emoções de tão chegada presença que ali está, num gesto de desafio e de profundo respeito. 0 destino os juntou, foi assim que a sorte quis, a lide vai ser um jogo em que a vida se decide.Figura central da Festa é o toiro, esse estranho animal, pujança da Natureza, enigmático, misterioso, sedutor. Desde o tempo das cavernas, basta, atentar na arte que o Homem deixou na rocha, que o toiro nos enfeitiça. Há aqueles a quem condiciona mesmo a vida, deixam tudo, vão atrás dele, correm riscos, tentam aprender a conhecê-lo, atrevem-se a desafiá-lo. Alguns dominam-no. Esses são toureiros. E o toiro a sua paixão.
Fonte: Municipio da Chamusca.
Mais informação no site oficial do Municipio.
FESTA DA ASCENÇÃO
Uma tradição bem viva na Vila da Chamusca...
De tradição inicialmente religiosa, hoje é o ponto alto das festividades na Vila da Chamusca, atraindo milhares de visitantes de toda a região. "Da Páscoa à Ascensão, quarenta dias vão"... é a nossa Festa maior, a meio da Primavera, com a Natureza Madura, os dias cheios de sol e uma imensa alegria que emana da terra e dos homens.
Festa profundamente rural, ligada ao aloirar das searas e à multiplicação das flores, que anunciam pão e vida, simbolizadas no raminho da espiga, a Ascensão é também a comemoração da subida de Cristo ao Céu, fechando um ciclo de quarenta dias que se abriu pela Páscoa. Céu e Terra, Fé e Festa, tudo aqui se conjuga, numa semana de Maio, em que o Concelho se olha e se mostra, assumindo a sua alma agrária e o seu jeito de viver, neste imenso espaço que tem, de campina e de charneca, entre o Tejo e o Alentejo.
Sempre a Ascensão foi uma festa nestas terras onde estamos, mesmo não sendo feriado, como agora é, nem havendo, nem se sonhando, com formas organizadas de pôr a Festa de pé. Sempre o povo soube guardar a Quinta-Feira de Espiga, dia sagrado da terra, em que largava a enxada e ia por esses campos, folgando e colhendo espigas, malmequeres, papoilas, esgalhos de cepa, raminhos de oliveira, pés de alecrim e de rosmaninho florido para compor o raminho que levava para casa, lá ficando o ano inteiro, pendurado na parede, bendita a terra que é farta, louvado seja o Senhor.
Esta é a essência da Festa, um hino à força e à generosidade da Natureza de que depende a nossa vida. Festa da terra e do gado, toda a gente sai à rua, Quinta-Feira de Ascensão, para ver a entrada de toiros pelas ruas da Chamusca, o campo invadindo a vila, uma emoção incontida, uns instantes que valem toda uma manhã de espera, os olhos cheios de cor, uma sensação que não se explica, para o ano cá estaremos outra vez. E à tarde a Corrida da Ascensão, não há praça como a nossa, aqui a Festa é diferente, nesta arena se revê o nosso jeito toureiro, o lado da nossa alma forjado nas tralhoadas, gerações e gerações, a paciência dos homens, a força bruta dos toiros, uma relação de séculos que temos uns com os outros.
Enche-se a vila de gente que aqui vem para ver a Festa, assistir aos espectáculos, apreciar o artesanato e o dinamismo de inúmeras actividades, provar da nossa gastronomia, deliciar-se com os petiscos das tasquinhas, reencontrar os amigos, beber um copo com eles. Todo o concelho aqui está, ao alcance do nosso olhar, uma freguesia por dia a mostrar os seus valores, e há um mar de gente jovem, que desagua a meio da Festa, um Dia da Juventude com muita cor e alegria, é nela que a gente vê o futuro que vai ter, a festa da vida que irá para além de nós...
Fonte: Municipio da Chamusca.
Mais informação no site oficial do Municipio.