HISTÓRIA DA VILA DE CAMPO MAIOR
A fundação da Vila de Campo maior está envolta nuna lenda antiga, segundo a qual que a povoação terá sido fundada por três chefes de família que viviam dispersos no campo e resolveram agrupar-se para uma maior proteção. Descobrindo um espaço aberto, um diz para os outros: “Aqui o campo é maior”. Daí o nome da povoação nascente.
Os séculos passaram e fizeram perder no tempo a verdadeira história das origens de Campo Maior. É no entanto unanimemente reconhecido que é bastante antiga e que desde a pré-história e dos tempos dos primeiros aglomerados de humanos que por estas terras se foram fixando pessoas, facto comprovado por diversos achados arqueológicos dispersos pelo território. Tal como as os territórios envolventes terá tido ocupação Romana e terá chegado a ser um povoado de alguma importância, passando depois pelas primeiras ocupações cristãs às quais se seguiram os Muçulmanos.
A reconquista aos Mouros foi feita pela mãos de cavaleiros cristãos da família Pérez de Badajoz em 1219, que posteriormente ofereceram a aldeia pertencente ao concelho de Badajoz à Igreja de Santa Maria do Castelo. Em 1255, D. Afonso X, rei de Leão, eleva-a a Vila. Cinco anos mais tarde, o Senhor da Vila, o Bispo D. Frei Pedro Pérez concede, em 1260, o primeiro foral aos seus moradores assim como o seguinte brasão de armas : N. Sr.ª com um cordeiro, e a legenda “Sigillum Capituli Pacensis”.
Em 1297, ano em que foi assinado o Tratado de Alcanizes assinado em Castela por D. Fernando IV, rei de Leão e Castela e D. Dinis, Campo Maior passa a fazer parte de Portugal, juntamente com Olivença e Ouguela. Em 1310, D. Dinis manda reconstruir o castelo situado na zona leste da vila e posteriormente século XVII e XVIII que se levantaram fortificações tornando Campo Maior numa importante praça forte de Portugal.
Apesar de fazer parte de Portugal, durante a Revolução de 1383-85, os militares e os habitantes de Campo Maior colocam-se ao lado do rei de Castela, obrigando o Rei D. João I de Portugal e os seus exércitos a cercarem durante mais de um mês e meio, para finalmente ocuparem a vila pela força já no final do ano 1388.
D. João II deu-lhe novo brasão: um escudo branco, tendo as armas de Portugal de um lado, e de outro S. João Baptista, patrono da vila, recendo foral da mão do Rei D. Manuel no ano 1512.
Desde os fins do Século XV, muitos dos perseguidos pela Inquisição em Castela refugiam-se em Portugal fazendo aumentar substancialmente o número de habitantes.
A partir de 1640, a guerra com Castela crio a necessidade de a necessidade de fortificar a vila que durante 300 anos se tinha expandido para além dos limites da cerca medieval, a urgência em construir uma nova cintura amuralhada para defesa dos moradores da vila nova dos ataques dos exércitos castelhanos, vai obrigar o rei a enviar quantias avultadas em dinheiro, engenheiros militares, operários especializados e empregar um numeroso contingente de pessoal não qualificado. Os contingentes militares são então numerosos. Calcula-se que na Segunda metade do Século XVII, em cada quatro pessoas residentes na vila, uma era militar. Campo Maior foi, durante algum tempo quartel principal das tropas mercenárias holandesas destacadas para o Alentejo. A vila torna-se naquele tempo o mais importante centro militar do Alentejo, depois de Elvas.
Em 1712, o Castelo de Campo Maior é cercado pelo exército espanhol comandado pelo Marquês de Bay, que durante 36 dias lançou sobre a vila toneladas de bombas e metralha, chegando a conseguir abrir uma brecha num dos baluartes, porém quando tentou tomar a vila, os defensores infligiram-lhe pesadas baixas, obrigando finalmente ao levantamento do cerco.
Em 1732 Campo Maior é atingida por uma tragédia que dizimou dois terços da população. Uma trovoada a meio da noite incendiou o paiol de munições situado no castelo, originando um incêndio e uma explosão que destrui grande parte do castelo e da vila, ferindo e matando grande parte da população.
D. João V determina a rápida reconstrução do castelo para voltar a ocupar o lugar de primeira linha de defesa contra os povos de Espanha.
Em 1801 Campo Maior voltou a ser cercada pelos espanhóis, seguindo poucos anos depois, em 1808 uma revolução contra os franceses que então invadiram Portugal, da qual os habitantes locais saíram vitoriosos graças ao apoio do exército de Badajoz.
Em 1811 repete-se uma invasão francesa, repetindo-se também um cerco cerrado durante um mês à vila, obrigando-a a capitular. Mas a sua resistência foi tal que deu tempo a que chegassem os reforços luso-britânicos sob o comando de Beresford, que põe os franceses em debandada, tendo então a vila ganho o título de Vila Leal e Valorosa, título este presente no atual brasão da vila.
Campo Maior voltou a viver um momento negro na sua história, em 1865 devido à «cólera morbis» que durante cerca de dois meses e meio matou em média duas pessoas por dia.
Em 1867, tentam extinguir Campo Maior como sede de concelho, agregando-lhe Ouguela e anexando-o ao concelho de Elvas. Tal decisão provoca um levantamento coletivo da povoação, que em 13 de dezembro, entre numa verdadeira greve geral. O concelho é definitivamente acrescido da sua única freguesia rural, em 1926 – Nossa Senhora dos Degolados. Foi já no século XX, em 1941, que o município de Campo Maior adquire a sua atual divisão em três freguesias, com a anexação da freguesia de Ouguela à de São João Baptista, dado o grande declínio populacional da primeira.