FORNOS DE ALGODRES
Ao rico património cultural e natural junta-se um património gastronómico também muito rico, onde o Queijo da Serra é a principal "Estrela".
Neste texto procuramos de forma resumida apresentar-lhe este concelho.
Clique em "Seguinte" na linha a abaixo para avançar para a página do Território ou utilize o Menu acima para escolher outra opção.
TERRITÓRIO
O concelho de Fornos de Algodres faz parte do Distrito da Guarda, na região da Beira Alta. Está inserido numa região mais vasta, conhecida como a Região Centro. O município de Fornos de Algodres tem pouco mais de 131,45 km² de área e tem um numero de habitantes a rondar os 5 milhares.
O seu território e habitantes dispersam-se por 12 freguesias: Algodres, Casal Vasco, Cortiçô e Vila Chã, Figueiró da Granja, Fornos de Algodres, Infias, Juncais, Vila Ruiva e Vila Soeiro do Chão, Maceira, Matança, Muxagata, Queiriz e Sobral Pichorro e Fuinhas. Em redor de Fornos de Algodres estão os concelhos de Aguiar da Beira, Celorico da Beira, Gouveia, Mangualde, Penalva do Castelo e Trancoso.
HISTÓRIA
O território hoje em dia ocupado pelo município de Fornos de Algodres apresenta vestígios de ocupação humana desde épocas muito remotas. À semelhança do que acontece por toda a região, os vestígios encontrados indicam um período entre os 6 a 7000 ano atrás, num período denominado Neolítico Médio / Final.
Foram localizados diversos sítios arqueológicos em vários locais desta vasta região, sendo que no concelho de Fornos de Algodres existem pelo menos dois monumentos megalíticos com construção e primeiras utilizações que remontarão a um monumento Neolítico, demonstrando os materiais recolhidos a existência de reutilizações durante a Idade do Cobre (V milénio B. P.), o Dólmen de Corgas de Matança em Corgas e Casa da Orca de Cortiçô ( Dólmen) em Cortiçô.
No período seguinte, conhecido como a Idade do Cobre (Calcolítico) existem também alguns vestígios dispersos pelo concelho. Durante este período ocorreram diversas alterações ao nível da civilização e estabelecimento de conceito de sociedade mais evoluído e com hierarquia social. Os locais onde as pessoas habitavam tinham agora características mais permanentes, com construções mais robustas e com um caracter defensivo. A metalurgia assume um papel relevante nestas sociedades. Em Figueiró da Granja existe um Castro datado desta época, existindo um outro, conhecido como Quinta das Provilgas em Infias.
A idade do Bronze trouxe novo salto na civilização, tendo ocorrido entre cerca de 4 a 2000 anos atrás. As sociedades organizaram-se, hierarquizaram-se e desenvolveram-se. No concelho de Fornos de Algodres são escassos os elementos que conseguiram identificar com certeza de pertencerem a este período: A Fraga da Pena, um gigantesco TOR granítico, localizado num local com ótimas condições de domínio visual sobre a paisagem, nomeadamente sobre todo o vale da ribeira da Muxagata; A Espada do Pinhal do Melos, localizada em 1953 na sequência de trabalhos de obtenção de pedra para a reparação de um muro, esta espada encontra-se atualmente depositada no Museu do Carmo em Lisboa, pertencendo à Associação dos Arqueólogos Portugueses. Trata-se de uma espada realizada numa liga de cobre (93,23%) e arsénio (4,51%). Cronologicamente poderá ser integrada numa Idade do Bronze inicial (primeira metade do VI milénio B.P.).
A chegada dos Romanos à Península teve também bastante importância no concelho. Uma vasta região onde se insere também Fornos de Algores fazia parte da Civitas de Viseu e era atravessada por uma importante estrada que ligava região da a Guarda à estrada que vinha de Idanha-a-Velha e seguia em direção à atual Viseu.
As vias de comunicação, terrestres ou fluviais tinham um papel determinante na organização territorial do império, por isso nas suas proximidades estabeleciam-se postos de guarda, alojamentos e villae, as propriedades rurais essenciais ao abastecimento das urbes de maior dimensão. Os Romanos mantiveram-se por esta região até ao século V, altura em que os Suevos, Vândalos e Alanos se instalam e derrubam o império já de si debilitado. Dispersos por todo o concelho existem inúmeros vestígios da ocupação romana, como fragmentos de cerâmica, rochas esculpidas, lapides, marcos entre outros. Existem também diversas referencias literárias relativas à existência de ruinas de origem romana sob algumas das aldeias, não tendo sido ainda confirmada a existência ou não dessas mesmas ruínas, sendo no entanto considerado bastante provável. No concelho existem ainda alguns elementos das vias romanas que cruzavam o concelho, como alguns troços da via Romana ou pontes.
Poderá ter ocorrido uma eventual ocupação Muçulmana deste território, não sendo no entanto expressivo.
Nos primeiros anos do reino que viria a ser Portugal, as Terras de Algodres eram reguengos da Coroa e abrangiam cinco concelhos (Algodres, Figueiró da Granja, Infias, Matança e Casal do Monte) que foram extintos em 1836 e englobados no atual concelho de Fornos de Algodres. Fornos de Algodres recebeu o primeiro foral de D. Sancho I em 1200. Em 1311 recebe novo foral, desta vez pela mão de D. Dinis e finalmente em 1541 volta a receber foral, das mãos do Rei D. Manuel I. Fornos tomou o designativo de Algodres, dando continuidade aos foros e tradições herdadas.
No ano 1836, o concelho de Fornos de Algodres foi estabelecido, englobando também alguns concelhos vizinhos. O primeiro administrador do novo concelho unificado foi José Coelho de Albuquerque, nomeado por portaria de 24 de Fevereiro de 1836, seguiu-se António Bernardo da Silva Cabral, e depois foram-no Francisco de Melo e Sá, com o seu substituto Agostinho Pedroso de Magalhães.
No final do século XIX, em 1898 o concelho foi novamente "ampliado", com a inclusão das as freguesias de Além-Mondego, Juncais e Vila Ruiva. A primeira Câmara do novo concelho de Fornos, já ampliado, foi composta do presidente Anacleto José de Magalhães Taveira Mosqueira, presidente interino José Coelho de Albuquerque, e vogais Francisco Ferreira de Abreu, António José do Carmo e José António Clemente.
Fontes: Municipio de Fornos de Algodres, Freguesia de Fornos de Algodres, Wikipedia, Outros.
AMBIENTE
Localizado na transição entre o Planalto da Beira Alta e a Serra da Estrela e indo dos 310 aos 960 metros de altitude, o concelho de Fornos de Algodres pode orgulhar-se de ser possuidor uma riqueza paisagística, de fauna e flora assinaláveis, muito pela influência dos cursos de água que o cruzam: as ribeiras da Canharda, Cortiçô e Muxagata, afluentes do Rio Mondego que corre na parte mais a sul e também pela proximidade da imponente Serra da Estrela.
É um concelho com grande incidência de afloramentos rochosos, sobretudo de granito, existindo pequenas manchas de xisto e quartzitos.
Flora
As ribeiras são fonte de vida do concelho, ladeadas por vales verdejantes que atraíram os primeiros habitantes da região. As extensas florestas de carvalhos e as matas densas de amieiros, salgueiros e freixos de outrora foram sendo gradualmente alteradas e reduzidas, dando lugar a espaços para a agricultura necessária para a produção de alimentos. Assim, ás autóctones juntaram-se os olivais, soitos e vinhas. Surgiram outros tipos de habitats como as charnecas, os lameiros e os giestais. As radas orquídeas selvagens "Coração", o rosmaninho, a carqueja, o tojo ou a urze são algumas das espécies de plantas de menor porte do concelho. De particular interesse tanto a urtiga como o cardo são duas plantas com uma imagem algo negativa, a primeira por ser urticante, a segunda por ter as folhas com espinho, mas são particularmente importantes, a primeira pode ser utilizada na nossa alimentação, e a segunda porque é um elemento essencial no processo de fabrico do Queijo Serra da Estrela.
Inserido no Estrela Geopark Mundial da UNESCO, conta com a classificação de cinco Geossítios: os Tor da Fraga da Pena e do Castro de Santiago, o Miradouro do Comborço, os quartzitos de Forcadas, na freguesia da Matança e a nascente termal de São Miguel.
Fauna
As águas puras e frescas do Mondego e das ribeiras suas afluentes são o habitat de vários anfíbios, rãs e salamandras, pequenos répteis, lagartos e lagartixas, cágados e algumas espécies de cobras.. Quanto a espécies de maior porte, o javali, a raposa, a fuinha, o sacarrabo e a lontra serão os mais numerosos
A montanha, mas os vários cursos de água, atraem até ao concelho diversas espécies de aves, incluindo as garças-reais, os abelharucos, as poupas, as alvéolas-brancas. Varias aves de rapina habitam também o concelho, como a Aguia-cobreira, o Açor, a Águia-caçadeira, a Águia-calçada, a Águia-cobreira, a Águia-d’asa-redonda, Falcões e Tartaranhões. Também podem ser avistados os raros Abutres-do-Egipto e Abutres-pretos, inúmeras aves de menor porte como os chapins ou diversas espécies garças e Cegonhas Brancas e Cegonhas Negras. O concelho tem aliás uma vasta e bem montada rede de postos de observação de aves.
ESTAÇÃO DE BIODIVERSIDADE
Ribeira da Muxagata
As Estações da Biodiversidade são percursos pedestres curtos (máximo de 3 km), sinalizados no terreno através de 9 painéis informativos sobre as riquezas biológicas a observar pelos visitantes. Cada estação está localizada num local de elevada riqueza específica e paisagística, representativa dos habitats característicos da área. Os painéis funcionam como uma espécie de guia de campo e fazem referência a espécies emblemáticas e comuns. É dado particular destaque aos insetos e plantas, que são a base para a conservação dos ecossistemas terrestres.
Dos estudos de inventariação já realizados foram registadas mais de 5000 observações, que correspondem a cerca de 750 espécies de invertebrados (a maioria são insetos), 100 vertebrados e 750 plantas. Foi igualmente construída uma base de imagem com mais de 20 000 fotografias.
A Ebio da Ribeira da Muxagata encontra-se implantada num vale de enorme riqueza paisagística e importante biodiversidade de espécies, quer em termos de fauna como de flora. É um percurso de sensivelmente 3 kms, que aproveita parte de um trilho sinalizado e homologado – a GR22, da rede Aldeias Históricas, na sua ligação Trancoso-Linhares da Beira – seguindo paralelo à Ribeira até à sua junção com o Mondego.
Fonte Municipio de Fornos de Algodres.
GASTRONOMIA
O produto por excelência de Fornos de Algodres é o Queijo da Serra, com todo o concelho a estar incluído na Região Demarcada de Produção do Queijo Serra da Estrela. Ao famoso queijo juntam-se o vinho, o azeite e a criação de gado ovino e caprino.
Assim surgem de modo natural na gastronomia deste concelho iminentemente ligado á terra e aos produtos locais, genuínos e qualidade, pratos como o cabrito assado servido com batatas e arroz de grelos, feijão à moda da Beira. Os enchidos tradicionais e o pão de centeio são também de muita qualidade e elementos integrantes da cultura e gastronomia local.
O mondego e as suas ribeiras de águas puras e cristalinas são também o ponto de origem de algumas espécies de peixes utilizadas na confeção de alguns pratos, tendo até dado origem a um festival gastronómico na povoação de Juncais.
Queijo da Serra
Fornos de Algodres insere-se na Região Demarcada de Produção de Queijo Serra da Estrela, localizada na Bacia Hidrográfica do Alto Mondego e engloba ainda outros 17 concelhos. O queijo da serra, é aqui produzido à séculos, de reconhecida qualidade e com características e sabor que o distinguem dos demais.
Conhecido e reconhecido muito além da sua área de origem é, o queijo tradicional português mais representativo e afamado, e foi o primeiro que viu ser-lhe reconhecida a sua tipicidade e genuinidade através da publicação do Decreto Regulamentar nº 42/85, que criou a Região Demarcada do Queijo Serra da Estrela, definindo a área abrangida e as condições de produção a que tem de obedecer.
A produção do Queijo da Serra obedece a muitos requisitos que vão desde as raças de animais utilizadas para produzir o leite, a sua alimentação e todo o processo de produção de queijo, iminentemente artesanal, garantindo-se assim a genuinidade e qualidade do produto. Esta industria tem bastante peso na economia local, sobretudo por se tratar de cada vez mais deprimida, porém a produção queijeira tem enfrentado os inúmeros problemas e condicionalismos, alguns deles particularmente complicados e inusitados, e até pouco coerentes, sendo ultrapassados ou minimizados a muito custo.
Região Demarcada do Dão
Foi a segunda região produtora de vinhos a ser demarcada em Portugal, no ano 1908. Esta é uma vasta região encaixada entre as serras do Caramulo, Montemuro, Buçaco e Estrela, composta por solos xistosos ou graníticos que acolhe vinhas onde com uma grande diversidade de castas, como a Alfrocheiro, Bastardo ou Touriga Nacional,a Barcelo, a Encruzado ou Terrantez.
Estas vinhas, plantadas a uma altitude media que vai dos 400 aos 700 metros, numa zona com caraterísticas climáticas distintas, produz vinhos de grande qualidade, sejam tintos, brancos ou rosés. Os tintos, aveludados e encorpados, têm um sabor complexo e aroma de frutas maduras. Os brancos são suaves e frescos, apresentando um odor frutado. Os rosés, leves e refrescantes, têm um aroma frutado e floral. E, por fim, os espumantes, elegantes e de bolha fina, são frescos e de aroma de frutas.
Fontes: Município de Fornos de Algodres, Turismo do Centro, Região Demarcada do Dão.
Texto em construção
Versão 1 - 29/7/2023