VILA DO BISPO
O centro das Descobertas
Vila do Bispo é o concelho mais a sudoeste de Portugal, fazendo parte do distrito de Faro. Com cerca de 179 quilómetros quadrados, Vila do Bispo é limitado a norte pelo município de Aljezur, a nordeste por Lagos e a sul e oeste tem litoral no oceano Atlântico. O litoral do município, desde a costa oeste até à praia de Burgau a leste, faz parte do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
Sagres e do Cabo de São Vicente, durante milénios dedicada aos deuses estão no vértice mais a sul do triângulo que é o território de Vila do Bispo dominado pela presença do oceano, e onde a Natureza impar e uma história de Milénios que teve o seu auge no período das Descobertas se cruzam multiplicando os pontos de interesse.
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A HISTÓRIA
Antigos povos e os seus vestígios, personalidades ilustres, ruínas, templos religiosos, vestígios do mundo agrário e da faina pesqueira.
Com cerca de 179 quilómetros quadrados, Vila do Bispo confina com os Municípios de Aljezur, a Norte e Lagos a Este e Nordeste, estando depois rodeado pelo Atlântico a Sul e a Oeste.
O povoamento do território hoje conhecido como Vila do Bispo remonta aos tempos pré-históricos, comprovado pelos vestígios que ficaram da sua passagem (os concheiros), e também alguns monumentos como os conhecidos menires. Para os Romanos e os outros povos oriundos do Mediterrâneo, este território era uma referência geográfico que marcava as suas viagens marítimas, mas era também uma zona com alguma mística e importância no que diz respeito à exploração dos recursos do mar na zona costeira.
Depois dos Romanos seguiram-se os Muçulmanos e posteriormente os cristãos que recuperaram estes territórios em 1249 com D. Afonso III e os cavaleiros de Santiago integraram o Algarve nos domínios do Reino Português. Nos Séculos XIII e XIV (nos reinados de D. Dinis, D. Afonso IV e D. Fernando, o Formoso), já é mencionada a existência de algumas localidades como Budens, Raposeira e Figueira (ainda hoje existentes, sendo duas delas sede das respetivas freguesias). A consolidação do territórios fez com a construção de estruturas religiosas, e de vigilância e defesa costeira (igrejas, ermidas, atalaias e fortificações).
O Infante D. Henrique, que, entre outras realizações criou em Sagres novo local onde junto pessoas de origens diversas ei impulsionou a exploração marítima realizadas pelos Portugueses. Com a crescente importância de Sagres na navegação Portuguesa, também esta zona ganhou importância quer ao nível politico, como social e económico.
1662: o Nascimento de um Concelho
Nos inícios do Séc. XVI a zona do Cabo de São Vicente pertencia a um Bispo de Silves, D. Fernando Coutinho. Durante uma visita do Rei D. Manuel I a esta zona do Algarve, o Prelado colocou à disposição do Soberano as suas terras, que como forma de agradecimento, doou a aldeia de Santa Maria do Cabo ao bispo, passado esta antiga aldeia a ser conhecida como a Aldeia do Bispo. D. Fernando Coutinho.
Apesar de pertencer à Igreja, D. Fernando Coutinho deixou descendência, sendo que após a Restauração da Independência Portuguesa esses mesmos familiares viriam a solicitar à Coroa que lhe fosse concedida a Aldeia do Bispo, mais propriamente através do 2.º Conde de São Lourenço e senhor de Sagres, casado com D. Madalena da Silva.
Após uma disputa com o Concelho de Lagos o Rei D. Afonso VI acedeu ao pedido do fidalgo e concedeu-lhe a localidade, com a condição de que aquele a elevasse a Vila, com jurisdição própria. Assim nasceu, por alvará régio de 26 de Agosto de 1662, o Concelho de Vila do Bispo. Porém, 10 anos depois Vila do Bispo passaria para a posse da coroa devido aos abusos de fidalgo.
O Concelho de Vila do Bispo viria ser extinto 2.ª metade do Séc. XIX, durante os reinados de D. Pedro V e de D. Carlos I (durante curtos períodos de tempo), devido a reformas administrativas e pareceres de comissões governamentais. Durante este período freguesia da Bordeira deixou de pertencer a Vila do Bispo e foi integrada no Concelho de Aljezur.
PATRIMÓNIO HISTÓRICO
Vila do Bispo é um concelho rico em património, quer seja Património Arqueológico, o Património Religioso e o Património Militar.
Arqueologia, merecem destaque os testemunhos megalíticos situados no Monte dos Amantes/Pedra Escorregadia (bem próximo de Vila do Bispo) e na zona de Milrei/ Padrão (a sul da aldeia da Raposeira), com uma datação, provável, dos IV/III milénios a.C.
Dos Romanos ainda resistem as Ruínas Lusitano-Romanas da Boca do Rio (Budens) e as Ruínas do Centro Oleiro da Praia do Martinhal (em Sagres) – onde se produziam as famosas ânforas - dos Séculos I e IV d.C. Para além destas ruinas, è conhecida a existência nas Praias da Salema e Burgau, estruturas s ligadas à exploração dos recursos marinhos, tal como acontecia no caso, na Boca do Rio onde também existiam habitações.
O Património Religioso é também um importante elemento histórico para estas terras e gentes. Do antigo Convento de São Vicente do Cabo (do Século XVI), de religiosos franciscanos, pouco resta para além do farol existente no local. Das Ermidas, a mais conhecida é a de N.ª Sr.ª de Guadalupe, do Século XIV (situada entre as localidades da Raposeira e da Figueira, junto à Estrada Nacional n.º 125). Já no que respeita às Igrejas paroquiais, merecem destaque as de Raposeira e Budens (onde elementos da arte barroca se misturam com elementos de arte quinhentista) e as de Vila do Bispo e Barão de São Miguel (pela riqueza dos seus elementos barrocos).
Graças á sua posição geográfica, toda esta zona assumiu uma importância estratégica bastante relevante, graças ás suas costas voltadas a oeste e a sul. Por este motivo aqui foram erguidas várias fortificações, destinadas à defesa de enseadas e proteção dos pescadores locais. Na zona de Sagres, nos Séculos XV e XVI foram construídas quarto fortalezas: a Fortaleza, o Forte de N.ª Sr.ª da Guia (Baleeira), o de Santo António do Beliche e o de São Vicente. Mais tarde, já no sec. XVII foram construídas mais quatro: os Fortes de Santo Inácio do Zavial (1630-33), de São Luís de Almádena (1632), de Vera Cruz da Figueira e de Burgau (estes, em data posterior a 1640). Todas estiveram operacionais até à 2.ª metade do Século XIX e grande parte são interessantes monumentos, com a vantagem das espetaculares vistas sobre a costa.
O mar de Vila do Bispo também tem os seu tesouros arqueológicos como por exemplo o navio L’Océan ,um navio-almirante, de guerra (armado com 80 canhões), da Marinha Francesa, que se afundou junto à Praia da Salema, em 1759, durante a Batalha de Lagos entre as marinhas Inglesa e Francesa, um episódio da Guerra dos Sete dos Sete Anos.
PATRIMÓNIO NATURAL
A localização privilegiada em termos ambientais e a riqueza natural tanto em terra como no mar, fazem do Concelho de Vila do Bispo é um dos mais belos espaços naturais de Portugal Nas zonas costeiras existem escarpas, praias rochosas e arenosas, dunas fósseis, extensos matos mediterrânicos, pinhais litorais e lagoas costeiras, mas um pouco para o interior a paisagem muda, e começam a surgir campos agrícola de cereais, pastagens e pousios, a par com algumas matas de pinheiros-bravos e sobreiros, recortadas aqui e ali por pequenas cursos de água temporários.
O concelho de Vila do Bispo, está inserido no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina e integra também a Rede Natura 2000. Faz ainda parte da Reserva Biogenética de Sagres e a designação de Zona Importante para Aves (IBA – Important Bird Area). Todos estes estatutos refletem uma grande riqueza natural, traduzida em centenas de espécies de fauna e flora, marinha e terrestre, bem como numa paisagem de elevado interesse geológico.
PATRIMÓNIO GEOLÓGICO
As paisagens do concelho de Vila do Bispo, desde as arribas às colinas e vales do interior, refletem a enorme diversidade de rochas existentes e do seu arranjo estrutural, que nesta região são essencialmente constituídas por rochas sedimentares, que se depositaram ao longo 400 milhões de anos (Ma) e mostram a uma grande variedade de ambientes, desde mares profundos, mares tropicais pouco profundos e continentes áridos sulcados por rios efémeros. Rochas ígneas, de composição sienítica resultantes da consolidação do magma no interior da crosta terrestre, ou de lavas basálticas e piroclastos depositados à superfície, são também comuns.
A arriba da Ponta do Telheiro está exposta, a grande discordância que separa os terrenos da Cadeia Montanhosa Varisca Europeia do Paleozóico Superior, aqui representado pelos xistos e grauvaques da Formação da Brejeira, dos arenitos dos Grés de Silves. Os xistos e grauvaques apresentam-se dobrados, com dobras verticais e falhas tardias que foram geradas durante a formação da Cadeia de Varisca. A superfície da discordância sublinha o hiato de tempo geológico entre as idades das rochas da Formação da Brejeira e as dos Grés de Silves, da ordem dos 90 milhões de anos, o qual corresponde ao tempo em que a Cadeia de Varisca se elevou e foi erodida por agentes externos. Calcula-se que terá sido erodida crosta continental com a espessura de cerca 4 Km.
PATRIMÓNIO BOTÂNCIO
De uma enorme riqueza natural, a flora de Vila do Bispo conta com um inventário de mais de 700 espécies de plantas incluindo várias espécies raras, endémicas e ameaçadas, muitas das quais classificadas e com estatuto prioritário de proteção nacional e comunitário. Entre a vegetação, predominantemente mediterrânica, existem algumas surpresas por parte de espécies serranas e de climas húmidos, tão perto do mar e no limite da sua tolerância ecológica, verdadeiras relíquias de uma flora distante em tempo e espaço.
Nos campos dunares suspensos sobre as arribas marítimas, ricos em carbonato de cálcio, existe uma rede de plantas endémicas sendo 12 delas exclusivas do Parque Natural e 5 de Sagres e Promontório Vicentino, nomeadamente o Tojo-de-Sagres, a Biscutela vicentina, Diplotaxis vicentina, a Hyacinthoides entre outras. Para além existem também algumas espécies de orquídeas e narcisos, que mais recentemente colonizaram a zona.
PATRIMÓNIO ANIMAL
A presença regular de mais de 250 espécies de aves, entre as quais numerosas rapinas, marinhas e passeriformes, conferem a esta zona um interesse muito particular e importante, tanto para as aves residentes, como para as espécies migratórias.
Na Península de Sagres, é possível observar anualmente vários milhares de aves de rapina em migração para Sul, destacando-se espécies como Águia de Bonelli, Águia-imperial, o Abutre-do-Egipto ou o Abutre-negro. É também frequente a observação de Cegonha-preta, Falcão-abelheiro e Falcão-da-rainha. No mar, além da presença de milhares de aves marinhas, incluindo pardelas, moleiros, gansos-patolas e painhos.
As zonas de floresta de Vila do Bispo são particularmente importantes e integram os corredores migratórios de muitas aves, funcionando como zona de repouso e abrigo de de várias espécies de rapinas diurnas e noturnas, como Açor, Gavião, Ógea e Bufo-pequeno, Gralha-de-bico-vermelho, o Sisão ou o Falcão-peregrino. Nestas matas encontram-se também algumas espécies de aves que ocupam o topo da cadeia alimentar como o Bufo-real, Águia-de-bonelli e Águia-cobreira. Nas zonas
No mar é fácil observar vários golfinhos, como o roaz-corvineiro, o golfinho-riscado e o golfinho-comum. A Orca e a Baleia-anã, são visitantes regulares nesta costa, durante as suas migrações. A estes animais de maior porte, junta-se uma variedade infindável de espécies de peixes, crustáceos e moluscos.
Uma Costa Especial com praias paradisíacas
Vila do Bispo possui uma costa impar dividida entre a Costa Norte, voltada a Ocidente, onde o mar apresenta uma ondulação mais elevada e bravia que se desfaz em amplos areais e em escarpadas falésias e a Costa Sul com águas mais tranquilas, cristalinas e com areais acolhedores, abrigados falésias.
A pureza e a limpidez das águas do mar é de tal ordem que, além de ser possível ver o seu fundo a partir de falésias de grande altura é, igualmente, fácil de observarem diversas espécies de animais marinhos, como o roaz-corvineiro, o golfinho-riscado e o golfinho-comum ou mesmo Orcas e a Baleias-anãs.
Vila do Bispo tem inúmeras praias onde não é difícil encontrar nelas tranquilidade, que se completa com ruínas históricas de velhas fortalezas e baterias de artilharia, embarcações e apetrechos de pesca tradicionais e, especialmente, uma paisagem luxuriante, com águas e areias límpidas, rochedos imponentes.
Na Costa Norte, a praia da Cordoama e Castelejo (na zona de Vila do Bispo); do Beliche, do Tonel, da Mareta, do Martinhal (entre o Cabo de São Vicente e a Vila de Sagres); da Ingrina e do Zavial (na zona da Raposeira) e Salema e Burgau (na zona de Budens). Entre as restantes, destacam-se as praias da Murração e da Barriga (Vila do Bispo); Ponta Ruiva e Telheiro (Sagres, na Costa Ocidental); a do Barranco (Raposeira); as das Furnas, da Figueira, da Boca do Rio e Cabanas Velhas (Budens).
Gastronomia
A gastronomia de Vila do Bispo é fortemente influenciada pelo mar de características únicas. O peixe e marisco capturado nestas águas é de qualidade excecional e é um elemento central nos pratos confecionados. O peixe grelhado, a cataplana de peixe, o arroz de safio, arroz de polvo, feijoada de choco e as papas xarém são alguns dos pratos mais apreciados, aos quais se juntam ainda uma abundante variedade de mariscos.
O ex-líbris gastronómico do concelho tem a sua origem na zona de contacto entre o mar e terra, nas rochas submersas pelas marés ao longo do concelho - o Perceve. Também o mexilhão, os burgaus e as lapas são também bastante apreciados e utilizados em pratos gastronómicos variados, como as lapas com figos torrados ou o arroz e as papas de mexilhão.
Para além dos produtos com origem no mar, o concelho de Vila do Bispo e também conhecido pela caça, com a lebre, perdiz, coelho bravo e javali a figurarem no "menu local."
Na doçaria as amêndoas e figos constituem a base de muitos doces como o morgado de figo, o queijo de figo e os bolos de doce fino.
Fontes: Municipio de Vila do Bispo / Wikipedia / Outros
Fotos Municipio de Vila do Bispo
---- Para atualização futura de conteudos.